Segundo Patanjali, o Yoga é um conjunto entre um estudo continuo, práticas de exercícios espirituais e corporais por um longo período de tempo – Abhyasa – e entre desapego – Vairagya.
O yoga não são só posturas, conjuntos de respirações e meditação. O Yoga é um estilo de vida, um caminho que leva ao autoconhecimento, ao equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito.
A técnica yoguica implica várias categorias de práticas, com o último objetivo último de a concentração suprema, ou Samadhi.
As Etapas do Yoga
1º Refreamentos ou Yama: são princípios que devemos seguir para tentarmos ser cada vez melhores.
- Ahimsa – controlo, não violência, respeito pelos seres vivos
- Satya – benevolência, a verdade, constitui um desafio
- Asteya – não ficar com algo que não nos pertença, respeitar o que é dos outros
- Brahmacharya – controlo da energia sexual, abstinência
- Aparigraha – as coisas materiais controlam a alegria, praticar o desapego não só das coisas, mas do próprio conhecimento, pois para que o conhecimento seja transformador temos de o libertar.
2º Disciplinas, ou Niyama: são cinco disciplinas de ações mentais positivas, que devem ser praticadas diariamente, devem constituir um objetivo para o praticante de Yoga.
- Sauchan ou purificação: inclui a alimentação vegetariana, exercícios de higiene corporal externa, purificação interna dos órgãos e manter o ambiente em que se vive limpo. Para que o corpo se apresente puro, melhorar a saúde física e psíquica.
- Samtosha ou contentamento: cultivar um estado de alegria permanente independentemente do exterior e livre do apego.
- Tapas ou o esforço sobre si: disciplina, determinação, perseverança e paciência. Uma vontade firme de alcançar um objetivo. O corpo fica purificado e fortalecido, com os sentidos mais alerta. Permitem acender a energia em nós.
- Svâdhyâya ou estudo: deve ser procurado o autoconhecimento e estudados os textos tradicionais com uma reflexão, mas tendo em atenção a aplicação prática do conhecimento adquirido.
- Içvara-pranidhana ou consagração: todas as ações devem ser oferecidas a uma entidade superior, com aceitação do momento presente e também o serviço aos outros.
3º Atitudes e posições do corpo, ou Asanas: uma série de técnicas que ajudam a que o homem se una ao todo. Devem ser mantidas algum tempo para terem efeitos. Não são só posturas físicas, e por termos um corpo energético, elas são energéticas.
4º Ritmo da respiração, ou Pranayama: associado de perto com as posturas. Prana é a energia e Yama, o seu controlo.
5º Emancipação da actividade sensorial ou Prathyahara: o retirar ou desligar dos sentidos. Momento em que nos afastamos
6º Concentração, ou Dharana: foco num ponto, focagem na mente. Só depois de a concentração estar instalada é que a meditação acontece.
7º Meditação yoguica, ou Dhyana: é o estado da meditação. Podemos estar em estado meditativo nas atividades do dia-a-dia, desde que se esteja consciente no presente. Todos os momentos são igualmente sagrados.
8º Última etapa, concentração no seu mais elevado grau, estado de “híper-consciência”, ou Samadhi. Como que uma explosão para dentro. Deixar-se de ser eu e passar a ser um todo.
Para o Yoga, para além do estudo, é preciso um caminho que passa pela prática constante e dedicada de todas estas etapas de forma continua e constante.
Palvina Kurjee
(4º ano, Curso de Terapeuta de Medicina Ayurveda)