COnVIver com a realidade actual faz-me lembrar os sonhos que tinha em adolescente quando passava demasiado tempo a jogar Tetris nos salões de jogos ou a rodear palavras nas revistas desopa de letras nas tarde de finos e tremoços.
Quando chegava a hora de levantar os olhos e voltar à realidade do regresso a casa, e frequentemente replicado em sonhos, o contexto transfigurava- se em peças de formas idênticas àquelas que enchiam a minha mente por horas e que agora se encaixavam, ou não, no cenário que me acompanhava até casa. E, nos outdoors, cartazes, placas de ruas e até matrículas de carro encontrava conjuntos de letras que desesperadamente tentava ordenar em sílabas perdidas de palavras existentes apenas na minha imaginação.
Não fosse este cenário, e falta de palavras para o descrever ou a falta de vontade em abrir-me a uma discussão que não pretendo desenvolver, este regresso ao passado poderia ser um bom exemplo para explicar aos meus filhos, num saudosismo romântico, “no meu tempo, quando passava muito tempo exposta a uma realidade parecia que vivia nela mas…”. Entendem onde quero chegar?
Não sei como é convosco mas eu estou tipo criança a olhar em volta e a achar que todos enlouqueceram, deve ser PDI, mas como sou inteligente, ou uma sobrevivente qualificada (como qualquer criança filha de Pais mais severos), mantenho-me em silêncio e aceito as loucuras de um Mundo em pânico perdido de si agindo motivado pelo medo, porque, como dizia uma aluna minha alguns dias atrás – “aceita que custa menos”.
Contudo existe em mim uma réstia de discernimento que grita (sem autorização do meu número de Cidadão) : “Estás parva?!? Aceita que custa menos?! É nesta onda de resignação que adormece o País que se afoga o discernimento e a esperança”. E pronto, não preciso de mais ninguém para chacoalhar as minhas ideias, as minhas certezas, o meu Ser, eu mesma faço um óptimo trabalho em me confundir a mim mesma. Talvez seja só eu e uns poucos milhares de gente que se sente incomodada e inconformada com a
ignorância que este excesso de informação transparece e alimenta. Mas, a mim, vale-me o Ayurveda.
A VIDA É UMA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Para o Ayurveda a Vida é uma responsabilidade pessoal, e a função do terapeuta é mais de Professor do Paciente, ensinando a viver a Vida de forma harmoniosa e responsável do que apresentar soluções para os problemas que os próprios comportamentos e desresponsabilização pessoal pela saúde trazem, assim é desde tempos imemoriais. Contudo, a actualidade (custa-me colocar como sinónimos actualidade e verdade ou realidade) é que actualmente muita da prática de Ayurveda se sustenta ou se conduz exactamente da mesma forma que a medicina moderna apoiando e caminhando ao lado da “doença” pública e voluntária fruto da desresponsabilização pessoal perante a saúde individual. E não, não me refiro a máscaras, confinamentos ou álcool gel. Refiro-me a proteção, nutrição, tonificação do sistema imunitário através de três pilares fundamentais e OBRIGATÓRIOS a um estilo de vida PRO-activo e saudável: rotinas,
alimentação e contacto com a natureza (exercício e espiritualidade).
É verdade que não se sabe muito sobre este vírus mas o pouco que se sabe é o suficiente para enaltecer uma atitude PRO ACTIVA no sentido do reforço do sistema imunitário, o que tem pouco a haver com o uso de máscaras e álcool gel. Este vírus, aliás como quase todos os vírus, é um vírus oportunista que ataca em diversas frentes levando a melhor, na maior parte das vezes que encontra um flanco frágil. Mas essa força que lhe reconhecemos é na verdade uma fraqueza que “desconhecemos” ou descuramos em nós. Afinal, se o vírus não encontrar solo fértil para se multiplicar, se alimentar e conquistar o portador ele passa de forma “assintomática” até encontrar um outro hospedeiro mais debilitado que possa conquistar.
Como esperar que o corpo reaja a uma infeção quando o melhor que tem para lutar contra é um sistema imunitário enfraquecido pela má alimentação, ausência de rotinas, falta de exercício físico e um embutamento mental e enfraquecimento espiritual profundo? Na verdade é uma sorte sequer este corpo estar vivo perante tanto desmazelo.
Ayurveda não é só um sistema médico, uma medicina, um plano alimentar ou ser do grupo “cotovia”. Ayurveda é conhecer a Vida e a forma como ela se manifesta em meu redor e em cada uma das minhas células. Ayurveda é conhecer o meu corpo, reconhecer o seu potencial, nutrir as suas fragilidades e tonificar as suas defesas. Ayurveda é viver de forma inteligente no contexto e momento que vivemos e NESTE MOMENTO, é claro que isso significa VIVER DE FORMA PLENA E RESPONSÁVEL, REFORÇANDO O SISTEMA IMUNITÁRIO dando-lhe ferramentas para lutar contra um agente agressor invisível a olho nu.
ROTINAS E HÁBITOS PARA REFORÇAR O SISTEMA IMUNITÁRIO
Assim, antes de esgotares o stock de papel higiénico, máscaras e álcool gel que em nada te reforçam o sistema imunitário, pensa em incluir 5 rotinas e 5 hábitos no teu dia a dia, como:
ROTINAS
- Realizar diariamente ao acordar e ao deitar, preferencialmente antes de toda a sociedade ter já despertado, 20 ciclos de respiração consciente em frente a uma janela aberta (que obviamente não dê para a primeira circular).
- Procurar aulas de Yoga e Pranayama (preferencialmente presencial, ainda que em forma de treino personalizado) que te ensinem técnicas respiratórias mais profundas como o Sama Vrtti Pranayama.
- Acrescentar nas confecções especiarias, expectorantes, de suporte ao sistema respiratório como a pippali, o cardamomo, o gengibre, as sementes de mostarda, as sementes de coentros, a pimenta preta.
- Reduzir o consumo de alimentos promotores de muco como o leite, queijo, iogurte, natas e combinações alimentares menos saudáveis como comida pré-confeccionada ou fast food. ESPECIALMENTE à noite ou a seguir ao jantar.
- Descansar diariamente respeitando o sistema endocrino com rotinas de retorno à calma a partir das 21h30, momento do dia de último scroll nas redes sociais e emails.
HÁBITOS
- Acrescenta 1 colher de chá de curcuma (preferencialmente orgânica e fresca) ao teu dia,
distribuída ao longo das principais refeições. - Comer apenas quando sentires fome de forma a não sobrecarregar o sistema digestivo.
- Procurar diariamente o contacto com a natureza realizando actividades ao ar livre que
estimulem a percepção de Si como parte de um Todo/Entendimento maior. - Reconhecer a família e as prioridades dando a atenção correspondente ao nível de relevância
pessoal. - Procurar ter um estilo de vida mais calmo e responsável, harmónico com a vida que queres
construir pois excessos, como demasiadas horas a trabalhar, stress e ansiedade enfraquecem o
sistema imunitário.
Entender a Vida e a nossa responsabilidade para com ela é viver em ecologia pessoal, ou seja em paz com a Vida que és, com a Vida que te gera e te sustenta.
Sobre este entendimento e abordagem podes saber mais informações através de www.bmqbylaralima.com.
Dia 21 de Outubro começa um novo Curso de Ecologia Pessoal, inscreve-te através do número 918962127.
Despeço-me por aqui prometendo regressar em Novembro.
Lara Lima
Terapeuta de Medicina Ayurveda, Coimbra