AyurVida uma forma de ecologia pessoal

O Ayurveda entrou na minha Vida de mansinho, ao início por curiosidade, mas sem motivação suficiente para o integrar numa Vida que estava já, para mim, definida. Tinha 20 e poucos anos e o meu Pitta estava no seu auge. Sabia o que queria, sabia por onde tinha de ir, sabia porque engordava, sabia porque me irritava, sabia tudo, tinha uma verdade óbvia e o Mundo era simplesmente idiota por não me entender e não fluir ao meu ritmo.

Estava no topo do Mundo sem perceber porque é que não estava bem com a minha Vida, nem a minha Vida estava bem para quem me rodeava. Parecia que apesar de estar certa tudo o que fizesse, estava errado: relacionamentos errados, escolhas erradas, palavras ditas que chegavam de outra forma, palavras ouvidas distorcidas da intenção original, enfim, a minha pegada ecológica era gigante mesmo que fosse acérrima fã da reciclagem, vegetariana, activista na Greenpeace e devorasse todas as revistas da National Geographic. Foi esta inquietação e desconcerto de mim que me motivou a uma procura nem eu sabia bem de quê (ainda que sempre espreitando por cima do ombro e duvidando de cada informação que me chegava).

Foram precisos mais de 20 anos de experiência pessoal e 10 anos de estudo para me cair a ficha. E a ficha caiu quando me entreguei sem questionamento à Vida e à minha responsabilidade, há quem lhe chame poder pessoal, de reconhecer que a minha verdade é apenas uma perspectiva e que o meu poder pessoal de mudar o Mundo é no fundo, e tão só, a responsabilidade pela minha própria mudança.

É este o mote desta série de textos mensais que partilharei com vocês enquanto fizer sentido, a mim escrever, à AMAYUR promover e a vocês lerem.

Muito se fala de ecologia nos tempos actuais. Como se Ser Ecológico fosse algo diferente daquilo que se é. Fala-se com estranheza e protocolo de uma série de comportamentos que deveriam ser naturais, expontâneos ao fluxo da Vida. Viver uma vida ecológica é uma Lei Universal que pouco tem a haver com a reciclagem, comprar palhinhas de bamboo ou alumínio ou usar produtos Bio. Tudo, de algum modo, tem uma pegada e essa pegada desenvolve-se o tempo todo. Desenvolver significa não apenas crescer mas transformar. E isso é Vida e Vida é Ayur. Conhecer a Vida é Ayurveda logo que conhece a Vida vive de forma Ayurveda e com esse conhecimento é impossível não vir o respeito pela vida, o seu entendimento como um todo e logo, ECOLOGIA.

Ayurveda é para mim uma forma de se viver consciente, e isso é ECOLOGIA PESSOAL.
Ecologia no sentido lato de Ser e Estar com o menor impacto negativo possível sobre o contexto que sou eu enquanto corpo, pensamento, emoção e tudo e todos quanto me rodeiam.

Viver a Vida que vim expressar (EU) de forma ética com a Vida que me recebe é uma condição indispensável para que a Vida (EU) desperte em todo o seu potencial de plenitude e Paz que nada tem a haver com a sensação de férias, banhos de sol numa espreguiçadeira de um resort de luxo nas Maldivas ou aquele savasana no final de 90m de Yoga.

Viver a Vida no seu potencial de plenitude e paz é viver consciente do privilégio de poder sentir e ser a Vida que acontece entre cada inspiração e expiração em vez de viver alheado entre os minutos que se alinham nas horas dos dias que passam.

Repara, todos sabemos muitas coisas nesta vida, sobre o nosso trabalho, a nossa família, a sociedade, o ambiente, história, ciência e política, mas pouco sabemos de nós. Controlamos agendas, máquinas, pessoas, tempo e calendários mas temos uma dificuldade incrível em controlar a própria mente e canalizá-la à nossa vontade, conhecer a linguagem do nosso corpo e reconhecer os padrões de comportamento que nos fazem sentir que algo não está bem. Para a maior parte de nós, o auto-conhecimento não foi desenvolvido como uma parte importante da educação. E à medida que vamos envelhecendo a mente e o corpo tornam-se cada vez mais caprichosos e dispersos sem paciência para nos respeitar, responder ou sequer corresponder à crescente acumulação de tensões e preocupações. Isto resulta na diminuição das faculdades mentais, decisões erradas, auto-gestão ineficaz, memória fraca e senilidade.

Viver deve ser um processo contínuo de aprendizagem entusiasta sobre a existência humana, sobre as maravilhas do Mundo e o mistério da Existência. Viver deve ser um acto consciente e responsável mas sem esforço, sem toxicidade sem desperdício. viver deve ser um acto funcional e orgânico de profunda paz interior, firmeza e auto-controlo.

Porém, VIVER é bem mais exigente que fazer um doutoramento ou obter qualquer grau académico uma vez que estamos cada vez mais longe do conhecimento do que é a vida e para a resgatarmos precisamos de AYURVEDA, o conhecimento da Vida. É este conhecimento que nos desperta e muda a actual natureza mecânica do Ser e isso é algo que não se consegue apenas estudando conceitos filosóficos em livros e palestras. É algo que precisa ser praticado e descoberto pessoalmente num mergulho profundo nas dimensões internas da mente e da consciência. Para podermos dar este mergulho, precisamos de três coisas:

  • método certo,
  • instruções certas
  • compreensão certa.

Desenhei um programa para isso a que chamei ecologia pessoal e do qual podes saber mais informações se assim o desejares através de www.bmqbylaralima.com.

Despeço-me por aqui prometendo regressar em Julho.

Lara Lima
Terapeuta de Medicina Ayurveda, Coimbra

 

Foto: Pixabay

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